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Documentário relembra a história e a importâmcia do Circo Voador



Espaço aberto há 32 anos no Rio, ainda sob a ditadura militar, foi palco de lançamento do rock nacional e tinha como marca a comunhão de artistas de diferentes áreas unidos pelo espírito de transgressão e irreverência.

    



O documentário "Circo Voador: A nave" (assista ao vídeo), de Roberto Berliner e Pedro Bronz, presta um precioso tributo a esse lendário e mítico palco do Rio de Janeiro. Montado inicialmente na Praia do Arpoador (onde ficou por um verão) foi se estabelecer na Lapa (no centro da cidade), perto dos famosos Arcos da Lapa, em 1982. Em uma localização em que era possível receber com facilidade gente de todos os cantos da cidade pronta para curtir a
Cria do grupo teatral Asdrubal Trouxe o Trombone, integrado por nomes como os atores Regina Casé, Patrícia Travassos, Luiz Fernando Guimarães, Evandro Mesquita e guiados pelo criativo e porta-voz do grupo, Perfeito Fortuna surgiu um lugar ideal para apresentar as performances cênico-musicais deles e de outros artistas que protagonizavam uma efervescente e irreverente interação entre teatro, música, poesia e dança.

     
O Circo Voador se tornou palco de memoráveis apresentações, como a que serve de fio narrativo para o documentário: o show de aniversário de um ano na Lapa, que reuniu, em outubro de 1983, Barão Vermelho, Caetano Veloso e Brilho da Cidade (grupo de Cláudio Zoli, que emplacou o hit Noite do Prazer). Entre as tantas a que assisti e muito me marcou está uma dos Titãs, logo depois da conquista do tetra campeonato da Seleção Brasileira, nos EUA. Eu me lembro do Circo lotado e com as pessoas gritando "Tetra Campeão, Tetra..." Surge então a banda paulista levando um som que fez as estruturas balançarem. Naquela seleção tínhamos Romário e Bebeto. Em suma: Tínamos um time que merecia respeito.



Foi o Circo que serviu de palco para a projeção nacional de bandas como Legião Urbana, Kid Abelha e os gaúchos Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós e Defalla e os punks, restritos a Sampa, como Inocentes e Ratos do Porão. Eles marcaram presença com sua rebeldia e revolta e deram seu recado. Era vambém o único lugar em que o tresloucado e genial Tim Maia não faltava aos shows. Afinal, ele adorava o Circo. Tornou-se também um lugar caloroso para nomes consagrados e talentos emergentes. Em seus primeiros anos, o espaço se destacou pelo pulsante ecletismo da programação. Ele agregou públicos de diferentes classes sociais, idades e gostos. Fez uma ponte entre a Zona Sul e a periferia. Misturava universitários, intelectuais, filósofos de botequim e figuraças que faziam arte nas ruas.

     

Hoje as coisas mudaram. A visão anárquica e utópica do Circo como um empreendimento que se sustentasse financeiramente — ter lucro não era a proposta - acabou. Hoje, costuma-se ter uma na visão mais conservadora que busca potenciais anunciantes e atrações musicais muitas vezes descartáveis. Mas a aura daquele lugar sagrado e vanguardista permanece. Será assim para sempre!

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Foto(s) relacionada(s):   Documentário sobre o mítico e lendário Circo Voador    


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