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PUBLICAÇÕESSepultura tocando "Garota de Ipanema"? Sim e mostrando a nova música de trabalho "We´ve lost you"
Fonte: Conexão Vivo Por Agência MN Fabian Chacur
Logo após o lançamento de Dante XXI, em 2006, Igor Cavallera anunciou que estava de saída do Sepultura, banda que ajudou a fundar em 1984. A expectativa em torno de quem o substituiria era grande, e o desafio ficou nas mãos e baquetas de Jean Dolabella. O baterista mineiro, ex-integrante do Udora, soube aproveitar a chance, e esteve no time nos mais de 150 shows de divulgação do já citado CD.
Após a turnê, ele deu outro passo importante na carreira, ao participar pela primeira vez da gravação de um álbum de estúdio do Sepultura. A-Lex, novo trabalho do grupo que conta com Derrick Green (vocal), Andreas Kisser (guitarra) e Paulo Xisto Júnior (baixo, único remanescente da formação original), além de Jean, é claro. Foi o novo mineiro da banda fundada em Belo Horizonte que contou com exclusividade a Conexão Vivo detalhes do novo CD, lançado simultaneamente em todo o mundo pela Atração Fonográfica (no Brasil) e SPV (no resto do mundo), dos projetos e também de como tem sido sua participação no mais importante grupo de rock pesado da história do Brasil, e o mais conhecido no exterior.
CONEXÃO VIVO - O novo trabalho do Sepultura segue a mesma estrutura do anterior, ou seja, é conceitual? E como foram as gravações? Deu para se sentir à vontade?
JEAN DOLABELLA- Sim. O disco tem como tema o livro A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess e levado às telas por Stanley Kubrick. Alex, por sinal, é o nome do personagem principal do livro, e a palavra a-lex, em russo, significa sem lei, sem limites, que tem a ver com a proposta da banda, que é não se prender a rótulos. Esses dois anos e meio que passamos divulgando o Dante XXI nos deixaram com uma sintonia musical muito grande. O conceito do CD já estava definido, estávamos conversando muito sobre isso. Fizemos várias jam sessions, acrescentando riffs, lapidando, e em menos de quatro meses já tínhamos tudo pronto, de forma bem livre e sem regras.
CONEXÃO VIVO- Quem compôs as músicas, e quem escreveu as letras?
JEAN DOLABELLA- Tudo foi composto coletivamente, com muita colaboração entre nós. O Andréas é quem sempre tem esse lance das letras, e o Derrick depois que entrou na banda, também, por causa da língua. Mas todos colaboram, sem essa coisa de ego, de individualismo. Para mim, gravar esse disco foi o auge dessa minha adaptação ao Sepultura, e marcando uma nova fase da banda. Não esperava que fosse tão relax, tão tranqüilo. O Sepultura sempre inovou, sempre olhou para a frente. Reavaliei os CDs deles, e este perfil aparece de forma clara. Não se comprometem com rótulos. Veja a música Caiowas, que tinha até baião no meio! Eles nunca tiveram medo de ousar, e isso me deixou livre para criar, também. A-lex é um disco diferente, mantendo a essência musical do Sepultura, mas com novidades.
CONEXÃO VIVO- Qual foi a parte mais difícil de ser gravada, no CD, e porque? E qual é a música que está sendo trabalhada inicialmente, para divulgar o CD, e porque?
JEAN DOLABELLA- Sem sombra de dúvidas foi a faixa Ludwig Van, na qual contamos com orquestra. Alex, o personagem de Laranja Mecânica, era fã de Ludwig Van Beethoven, e resolvemos adaptar a Nona Sinfonia do nosso jeito, com o nosso estilo, o nosso peso. Sorte que o maestro Alexei, que é amigo do Andreas, tem formação erudita e ao mesmo tempo tocou e curtiu muito heavy metal, ou seja, conhece as duas linguagens musicais. A gravação ficou com equilíbrio entre orquestra e banda, uma não se sobressai à outra. A faixa de divulgação é We’ve Lost You, que foi escolhida de forma natural para iniciar a divulgação do CD, sendo que o videoclipe tem citações dos filmes de Stanley Kubrick, ficou muito legal.
CONEXÃO VIVO- Como foi para você entrar no Sepultura, e como foi sua experiência com a banda que integrava anteriormente?
JEAN DOLABELLA- Quando vi um show do Sepultura por volta de 1990/1991, eu os encarava como quatro verdadeiros super heróis, e você nunca espera que um deles possa sair um dia. Conheci eles em 2001 durante o Rock In Rio 3, pois minha banda, que na época se chamava Diesel, ganhou um concurso de grupos novos para tocar no evento. Depois, o nome do grupo virou Udora, e moramos durante cinco anos nos EUA. Quando voltei ao Brasil e saí do Udora, estava com uma mão na frente e outra atrás, sem dinheiro algum. (risos) Tive de me acostumar com tudo novamente, mas coincidiu de o Igor sair do Sepultura. Quando fui convidado pelo Andréas e toquei Roots Bloody Roots com eles, rolou todo um filme na minha cabeça.
CONEXÃO VIVO- Após ser aprovado e integrado à banda, como foram seus primeiros meses? Houve algum tipo de rejeição por parte dos fãs? E qual o maior show dessa primeira turnê?
JEAN DOLABELLA- No começo, sentia muita pressão, principalmente de mim mesmo, mas logo a banda entrou em uma sincronia muito grande em todos os sentidos, o que só aumentou durante a turnê de Dante XXI. Tem uns caras mais radicais que não aceitam mudanças nas bandas de heavy metal, mas a maioria gostou de mim e me apoiou logo, o que de certa forma me surpreendeu. No começo dos shows, o pessoal olhava desconfiado, mas com o decorrer das músicas, eles se soltavam, passaram a me elogiar. O maior show da turnê foi em Cuba, onde tocamos para entre 80 a 100 mil pessoas, inacreditável! Foi o primeiro grande show de metal por lá, a reação da platéia foi entusiástica, gostaram muito de nós.
CONEXÃO VIVO- Igor Cavallera sempre recebeu muitos elogios por sua forma marcante de tocar. Como você se preparou para substituí-lo? Seguia o que ele já havia feito, ou se preocupava em colocar uma marca própria nas músicas?
JEAN DOLABELLA- Muitas coisas eu faço bem próximo do que o Igor fazia, até porque algumas dessas passagens fazem parte das músicas, não faria sentido tocá-las sem tais convenções, mas também acrescentei o meu estilo, para não virar um cover dele, pois soaria falso. Temos pontos em comum no jeito de tocar, mas cada um do seu jeito. E gravar o disco me deu a oportunidade de encaixar o meu estilo dentro da banda, o que felizmente deu super certo.
CONEXÃO VIVO- A-Lex marca o início do trabalho de vocês com a Atração Fonográfica, gravadora que lançará a partir de agora os discos do Sepultura no Brasil. Fale sobre essa parceria.
JEAN DOLABELLA- Vamos dar maior atenção ao Brasil pelo fato de termos a divulgação da Atração, cuja equipe está nos dando a maior força, algo que faltou um pouco ao disco anterior, o Dante XXI, que saiu totalmente independente. No exterior, quem cuida do lançamento de nossos discos e DVDs é a SPV, que também lança os trabalhos do Motorhead e é especializada em heavy metal. Nosso contrato com a Atração é por disco, e eles também irão relançar alguns títulos antigos do Sepultura, em breve.
CONEXÃO VIVO- As turnês mundiais são a marca do Sepultura. Vocês já estão com shows marcados para divulgar A-Lex lá fora?
JEAN DOLABELLA- Sim. O começo será em fevereiro, na Europa. Também tocaremos nos EUA, e nos festivais do verão de EUA e Europa, no meio do ano. Os shows no Brasil ocorrerão no meio do caminho, mas ainda não temos nada confirmado, o que ocorrerá em breve, pois por aqui é sempre mais difícil marcar as coisas por aqui.
CONEXÃO VIVO- Você é mineiro de nascimento e criação. Fale-nos um pouco sobre essa origem, e também de como é o seu contato com o estado natal.
JEAN DOLABELLA- Minas foi a minha casa durante muitos anos, adoro voltar a Belo Horizonte, vou sempre que posso para visitar meus parentes. Atualmente, moro em São Paulo, embora fique muito mais tempo na estrada, devido aos shows. Tenho muitos alunos em BH, tento ir ao máximo para lá. Nasci em Uberaba, fui criado em Uberlândia e depois morei em BH. Tem uma passagem curiosa de minha estada em Minas Gerais: quando morava em Uberlândia, comprei o LP Beneath The Remains, do Sepultura, em uma loja na qual o vendedor era o Beto, que hoje é integrante do Cachorro Grande. Quem poderia imaginar que nós dois estaríamos, anos depois, integrando bandas importantes do rock brasileiro?
CONEXÃO VIVO- Quais são os planos do Sepultura para 2009, além da turnê de divulgação de A-Lex?
JEAN DOLABELLA- Temos muitas idéias. O grupo completa 25 anos de carreira em 2009. Podem rolar fatos especiais, como fazer um show acompanhado por orquestra, gravar um DVD, mas por enquanto, são só idéias. Vale informar que temos documentadas as viagens que fizemos pela Índia, Filipinas, Taj Mahal e Cuba, entre outros lugares, o que certamente daria um bom material para um DVD.
CONEXÃO VIVO- Como você encara o cenário musical atual, em termos tecnológicos, com a existência de downloads digitais, mp3, orkut, Ipods e outros elementos?
JEAN DOLABELLA- Você precisa seguir de acordo com a correnteza, seguir o fluxo, não dá para ser como Metallica foi, na fase inicial do Napster e do compartilhamento de arquivos MP3. Procuramos aproveitar isso tudo a nosso favor, como por exemplo fazer votações online para ver o que o público quer ouvir em nossos shows. É importante ficar atento a todas as novas idéias, como lançar discos no formato pen drive, vender pela internet etc. Hoje, a pessoa tem mais oportunidades de conhecer e escolher o que irá ouvir, sem a ditadura das gravadoras e da grande mídia. Antes, era algo mais fechado para a grande massa em geral, todos dependiam da tevê, de rádio, da mídia em geral. Hoje, você pode gravar um disco em casa, um podcast, o que quiser, e com qualidade.
CONEXÃO VIVO- Volta e meia vocês participam de festivais que misturam bandas consagradas e novos valores da música. Qual a avaliação de vocês para esse tipo de evento?
JEAN DOLABELLA- Os festivais feitos com esse tipo de formato são super importantes, pois juntam todo mundo, dão a oportunidade de o público conhecer os novos nomes, e também para que haja o intercâmbio entre os próprios músicos.
Mais matéria sobre a banda no site: http://www.cadhucardoso.com/index.php?pg=public&list=1&id=168
Site oficial da banda:
http://sepultura.uol.com.br/v6/pt/
Foto(s) relacionada(s): Sepultura toca com Bossa Nova e seu novo trabalho
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